Juventude – Nossos passos vem de longe e nossa missão é construir o futuro

Criada em 1992 por Mãe Beata de Yemanjá, a Rede-afroambiental abriu caminhos e construiu um legado para sua comunidade, Ilê Omiojuaro, e os povos de tradicionais de matrizes africanas. Por acreditar em um equilíbrio na relação homem-natureza, nessa trajetória que já dura 30 anos, a Rede tem atuado em defesa da vida e da preservação dos recursos naturais de modo a combater também, o racismo religioso e ambiental. 

Reconhecer esse legado também significa querer levá-lo adiante propondo um diálogo geracional e tecnológico fundamentado na ancestralidade. Para isso, a Rede tem se dedicado à nossa formação, jovens de terreiro. 

Ao pensarmos em juventude é comum que pensemos apenas em futuro. No entanto, quando os jovens pertencem as religiões de matrizes africanas, o futuro não existe sem o passado. Para nós, jovens de terreiro, não existe a possibilidade de construir um futuro sem dialogar com os nossos mais velhos, mestres e mestras. 

Os nossos passos vem de longe e beber na fonte desta sabedoria é valorizar o saber e o tempo daqueles que nos antecederam. Assim como Sankofa retorna ao passado para modificar o presente e construir o futuro, nós jovens de terreiro da Rede-afroambiental fomos convocados pela ancestralidade, através do mestre Aderbal, a modificar o presente desta sociedade e construir um futuro junto da/com a Rede.

O nosso grupo se constituiu a partir de diversos caminhos… Alguns de nós chegaram até a Rede através da universidade, outros do laço familiar e religioso e também, do movimento negro. Ao todo somos oito jovens de diferentes idades, formação acadêmica, estados e terreiros; e acreditamos que essa heterogeneidade é/será o nosso diferencial na construção de ações voltadas para a educação ambiental, transformação social, cultural e politica da juventude.

Diante de um cenário global instável em que se predomina um sistema politico-econômico que nos é nocivo, se faz urgente lutar pelo bem estar social, cultural e econômico da população negra e indígena. Assim, nossa missão é dar continuidade ao legado da Rede construindo um futuro onde os nossos valores ancestrais preservam a vida e o meio ambiente.

Mariana Maiara

É Cientista Social , fotógrafa e mestranda em Antropologia. Atuou na área educacional, foi assistente de Januário Garcia. Atualmente é colunista e responsável pela curadoria fotográfica da coluna Olhares Negros no Congresso em Foco, é abian e responsável pelo acervo fotográfico do Ilê Àjagúnà Asé Ògún Mejéjé. Para além da pesquisa científica, desenvolve dois projetos afrocentrados de documentação fotográfica.

Karine Camargo

Gaúcha natural de Porto alegre, tem 24 anos e é estudante de Ciências Sociais e de Publicidade. Atua como diretora do departamento da Juventude da Associação Satélite Prontidão e milita pelo coletivo Afronte.

Gabriel Nunes

Jovem do Santo Daime e integrando do Coletivo Florescer da Nova Era. Tem gosto por aprender a zelar a reza e o canto na Doutrina. É graduando em Serviço Social e pesquisador do Dicionário de Favelas Marielle Franco, plataforma virtual para reunir histórias de favelas e periferias. Tem interesse pelo tema da memória social e oralidade.

Noan Moreira

Baba Ọtun n’ilẹ (Babá Otún Nilê), guardião e pessoa de confiança da comunidade, do terreiro Ilê Omiojuarô – comunidade fundada por Mãe Beata de Iemanjá, sua avó. Artista, Músico, Multi-instrumentista e pesquisador. Atualmente compõe a equipe de museologia e montagem do Museu de Arte Moderna (MAM), atua na área de montagem de exposições desde 2017, quando integrou a equipe do Museu de Arte do Rio (2017-2020).

Rebeca Queiroz

Integrante do Santo Daime e do Coletivo Florescer da Nova Era. Estudante de Psicologia, desenvolvendo a escrita de poesias, canto e fiscalização na Doutrina, aprendendo a tocar tambor para compor a música nos trabalhos espirituais. Interessada na história da Doutrina e em terapias com substâncias psicoativas.

Odaraya Mello

É neto de OluMello, pioneiro e artista-visual, desenhista na Nova Cap (DF).Sua formação crítica e artística inicia num berco familiar detentor de um patrimônio cultural que viveu o movimento negro afro-brasileiro e do movimento de mulheres negras do Brasil (1950/1980). Pessoa polímata e divergente bio-sócio-cultural. Seus afrografismos organizam elementos semióticos da natureza do culto a Oxum, orixá de iniciação(1994).

Ogunifé

Pernambucano morador do cerrado brasiliense, Ògúnifé é Yawô de Ògún da família Ìle Àse Odé Erínlè, de Águas Lindas de Goiás. Músico de formação e produtor literário desenvolve projetos que buscam fomentar formação ecológica junto e a partir das perspectivas dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Afro-ambientalista e educador ambiental, hoje estuda Agroecologia e vem desenvolvendo projetos de construção de biodigestores e desenvolvimento de agricultura familiar em terreiros de Candomblé com foco na Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional dos povos de terreiro.

Dandara Santos

Me chamo Dandara e sou uma mulher cis, negra, carioca, de candomblé e dançante da cultura popular e de dança afro. Me formei professora de Geografia (Licenciatura em Geografia pela UFRJ em 2020) com trajetória de pesquisa e atuação no campo da educação e relações raciais e as geografias do racismo. Hoje sou mestranda em Antropologia (PPGA/UFF) no âmbito da Antropologia política, com pesquisa voltada para investigação de conflitos étnico-raciais-religiosos, que configuram o racismo religioso.