A mostra de cinema Outros Terreiros do Festival Arte dos Povos, é uma realização da Rede Afroambiental que ocupará a Cinemateca do MAM entre os dias 4 e 6 de novembro com um olhar peculiar sobre produções audiovisuais de diversas épocas e com diversas abordagens, cruzando a ancestralidade, meio-ambiente e e a permanente busca pela desconstrução das narrativas.
Com obras raras como o documentário “Imagens do Futuro” do cubano Santiago Alvarez, passando pela premiada produção alagoana Cavalo, por filmes que retratam ícones do Axé como Mãe Beata e Chica Xavier, e pela obra referencial “O Veneno está na mesa”, a mostra fará um breve panorama de experiências e vivências comunitárias que estão representadas nas discussões da Cupula dos Povos Rio + 30.
PROGRAMAÇÃO
PALCO PRINCIPAL
Abertura da Exposição Dia 3 – 19:30 horas Imagem do Futuro Santiago Alvarez
CINEMATECA
Dia 4 – 13 horas O Veneno Está na Mesa 70′ – 2014 – Silvio Tendler
Dia 4 – 14:15 horas A Boca do Mundo – Exú no Candomblé 26′ – 2011 – Eliane Coster
Dia 4 – 16:15 horas Amuleto de Ogum 112′ – 1974 – Nelson Pereira dos Santos Debate
Protagonismo dos sabedores orgânicos da natureza sob as lentes de pesquisadores.
Os povos e comunidades tradicionais de terreiro em parceria com a sociedade civil organizada, convidam pesquisadores e professores universitários para comporem o Observatório da Cultura como quarto pilar da educação, ação que se efetivará no contexto da Cúpula dos Povos + 30.
A Cúpula dos Povos + 30 será realizada de 02 a 06 de novembro de 2022, na abertura do mês da Consciência Negra na Cidade do Rio de Janeiro Esse evento marcará os trinta anos da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento do Rio de Janeiro, a ECO 92, da REDE AFROAMBIENTAL e do MIR-Movimento Inter-Religioso.
O Observatório da Cultura como quarto pilar da educação, na Cúpula dos Povos Matriz Africana Rio+30, visa criar um grupo de trabalhocom professores e professoras universitários presentes na Cúpula, interessado na análise das discussões, que ocorrerão neste evento, sobre estratégias e caminhos de implementação de uma educação libertadora, que traga como base a cultura, que liga o conhecimento, a experiência estética, as artes e as espiritualidades, respeitando as diversidades de cultura e conhecimento que temos no Brasil, efetivando as Leis de Mestres e Mestras (Projeto de Lei 1176/11 e o PL 1786/11), a Lei Cultura Viva (Lei nº 13.018/14) e, campo da educação, as Leis que alteraram a LDB, inserindo a obrigatoriedade do ensino da história africana e cultura africana, afro-brasileira e indígena, as Leis 10.639/03 e 11.645/08.
Trabalhamos para que o conhecimento original da humanidade, de todas as raças unidas, possa estar dentro de uma academia inclusiva, dentro de uma academia que reconhece a identidade real de seu povo e toda a sua diversidade. Não encarar a diversidade como um empecilho, para isso que existe a universalidade, para isso que existe a ciência, para explicar o que a gente não compreende no primeiro momento.
(Pai Aderbal)
Quando estamos pensando neste percurso da Cultura como quarto pilar da educação, estratégias e caminhos , estamos pensando em uma transformação da educação, na transformação da academia na direção da cultura oral, um lugar de abertura da academia para os grandes traços da cultura oral e de forma mais direta e mais profunda para que nós nomeamos a cultura afro-brasileira, sobretudo a sua ancestralidade que ainda, no campo da academia e da educação, a gente está devendo tanto para esse universo oral para esse universo cultural.
(Sérgio Bairon)
Quando Hegel fala que não existe um processo civilizatório africano, quando traz as ideias com um processo de superioridade de um grupo em relação ao outro, de uma forma de ser estar no mundo como sendo a ideal para toda a humanidade, negando a diversidade e situando a África como selvagem, como plena de barbárie e sem pensamento crítico. Isso fica tão impregnado nas nossas universidades brasileiras que faz com que se tornem estreitas. Então, o sentido da oralidade não tem inferioridade nenhuma em relação à escrita porque o saber está dentro de nós e não está depositado num livro.
(Helena Theodoro)
Na ocasião da referida Cúpula dos Povos +30, propomos, com a criação deste Observatório, o estreitamento da relação de pesquisadores e professores, ligados institucionalmente às Universidades, com a Rede Afroambiental, no intuito de estabelecer um Observatório analítico in loco dos avanços na normatização real do conjunto dessas ações de restabelecimento da nossa cidadania e do respeito pela nossa produção cultural e intelectual, que certamente ocorrerão no decorrer do evento que se aproxima.
A proposta dessa parceria é de estimular essa base em um documento que fomente linhas de pesquisa nas Universidades, para que possamos superar essa realidade, implementar uma outra pedagogia, especialmente nos temas que contribuam com estratégias e caminhos que interliguem a diversidade cultural e biológica, com a ecologia humana, a comunicação, a ancestralidade e as mudanças climáticas. É preciso transformar a Universidade.
A proposta, portanto, desenhada como plano de trabalho, é que cada pesquisador possa trazer sua colaboração sobre o tema cultura e educação ambiental e alinhá-la ao seu testemunho e vivência na Cúpula, visando a produção de documentos por parte do Observatório. Ou seja, participar das discussões na Cúpula dos Povos Matriz Africana Rio+30, tendo como objetivo, também, a construção de documentos, artigos e um livro como resultado dessas discussões, que registre as discussões sobre como a educação é importante para barrar as mudanças climáticas, em uma perspectiva afro-diaspórica, indígena, de terreiro, dentre outras diversidades. Assim, a Rede Afroambiental vem convidar pesquisadores e professores universitários a construírem em conjunto este Observatório, que se alimentará das pesquisas e das propostas deste grupo, inseridas dentro de uma dinâmica maior, em construção, que é a da Cultura como quarto pilar da educação.