Hospedagem Solidária da Cúpula dos Povos nos Terreiros da Rede Afroambiental

CHAMADO PARA A REDE

Receba em sua casa mestras e mestres dos povos tradicionais de terreiro e sua juventude nos dias 25, 26 e 27 de Maio para a Cúpula dos Povos Tradicionais rumo ao Rio+ 30.

Vamos nos reunir para esse evento tão importante para curar a terra.

Vamos salvar a humanidade!

Inscreva seu terreiro em nosso forms ✊🏾
https://forms.gle/VUSnqPiYdfErEEZM6

Contate-nos: +55 21 99012-1523

Natureza morada dos orixás inkisses voduns e encantados preserve.

Terreiros Digitais são nossos tambores, a primeira internet do mundo

Terreiros Digitais são estações tecnológicas distribuídas em pontos de interação em rede nas cinco regiões do país. Construídos de forma colaborativa, em territorios vulneráveis, permitem o acesso à internet e às ferramentas que habilitam nosso povo à comunicação contemporânea, potencializando a comunicação comunitária e colaborativa. A conexão entre povos de terreiro que sempre existiu no mundo off-line passa, então, a dialogar online. E a partir do nosso olhar. 

A metodologia dos terreiros digitais foi desenvolvida a partir do reconhecimento da importância dos saberes ancestrais, bem como o seu valor enquanto ciência. Temas transversais da ecologia, da cultura e do conhecimento são compreendidos como tecnologias que foram passadas através de gerações por mestres e mestras. Com as ferramentas digitais, os terreiros conectados estabelecem relações intergeracionais que permitem abordagens contemporâneas de nossas tradições.  

As estações digitais permitem interação em tempo real e a participação ativa das atividades e percursos promovidos pela Rede Afroambiental. Com o mapeamento dos espaços cria-se, de maneira colaborativa e sustentável, áreas de produção, de comunicação, de economia solidária e ações para proteção ao meio ambiente e à nossa cultura. O site da Rede Afroambiental e toda a articulação preparatória para a Cúpula dos Povos, da Rio+30, já é resultado dessai interatividade. 

Nosso objetivo é implementar uma comunicação com outro olhar – um olhar da cultura, com o olhar da arte, com o olhar da literatura – dentro de uma ancestralidade e uma corporeidade que se contrapõe a um sistema de poder que inviabiliza, impede e invalida saberes produzidos pela maioria da população brasileira. 

Nossa comunicação vem de longe, pois o tambor, para os povos e comunidades tradicionais de matriz africana, é a primeira internet do mundo. Ele carrega o poder agregador da memória, essa memória coletiva que nos faz sentir fazer parte de uma família.

Nossos ancestrais escravizados, vindos de diferentes lugares da África, se comunicavam por olhares nos navios negreiros. A comunicação estabelecida, um texto sem palavras, também existia nas senzalas, no Correio Nagô e existe até hoje. Está nos terreiros, nos nossos corpos.

Estamos atualizando nossas conexões e ampliando a capacidade de circulação dos bens simbólicos, produtos, serviços culturais e artísticos dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Precisamos saber a receita do angu para, em seguida, adicionar dendê e pimenta. Os Terreiros Digitais retomam o discurso de nós sobre nós mesmos.

Juventude – Nossos passos vem de longe e nossa missão é construir o futuro

Criada em 1992 por Mãe Beata de Yemanjá, a Rede-afroambiental abriu caminhos e construiu um legado para sua comunidade, Ilê Omiojuaro, e os povos de tradicionais de matrizes africanas. Por acreditar em um equilíbrio na relação homem-natureza, nessa trajetória que já dura 30 anos, a Rede tem atuado em defesa da vida e da preservação dos recursos naturais de modo a combater também, o racismo religioso e ambiental. 

Reconhecer esse legado também significa querer levá-lo adiante propondo um diálogo geracional e tecnológico fundamentado na ancestralidade. Para isso, a Rede tem se dedicado à nossa formação, jovens de terreiro. 

Ao pensarmos em juventude é comum que pensemos apenas em futuro. No entanto, quando os jovens pertencem as religiões de matrizes africanas, o futuro não existe sem o passado. Para nós, jovens de terreiro, não existe a possibilidade de construir um futuro sem dialogar com os nossos mais velhos, mestres e mestras. 

Os nossos passos vem de longe e beber na fonte desta sabedoria é valorizar o saber e o tempo daqueles que nos antecederam. Assim como Sankofa retorna ao passado para modificar o presente e construir o futuro, nós jovens de terreiro da Rede-afroambiental fomos convocados pela ancestralidade, através do mestre Aderbal, a modificar o presente desta sociedade e construir um futuro junto da/com a Rede.

O nosso grupo se constituiu a partir de diversos caminhos… Alguns de nós chegaram até a Rede através da universidade, outros do laço familiar e religioso e também, do movimento negro. Ao todo somos oito jovens de diferentes idades, formação acadêmica, estados e terreiros; e acreditamos que essa heterogeneidade é/será o nosso diferencial na construção de ações voltadas para a educação ambiental, transformação social, cultural e politica da juventude.

Diante de um cenário global instável em que se predomina um sistema politico-econômico que nos é nocivo, se faz urgente lutar pelo bem estar social, cultural e econômico da população negra e indígena. Assim, nossa missão é dar continuidade ao legado da Rede construindo um futuro onde os nossos valores ancestrais preservam a vida e o meio ambiente.

Mariana Maiara

É Cientista Social , fotógrafa e mestranda em Antropologia. Atuou na área educacional, foi assistente de Januário Garcia. Atualmente é colunista e responsável pela curadoria fotográfica da coluna Olhares Negros no Congresso em Foco, é abian e responsável pelo acervo fotográfico do Ilê Àjagúnà Asé Ògún Mejéjé. Para além da pesquisa científica, desenvolve dois projetos afrocentrados de documentação fotográfica.

Karine Camargo

Gaúcha natural de Porto alegre, tem 24 anos e é estudante de Ciências Sociais e de Publicidade. Atua como diretora do departamento da Juventude da Associação Satélite Prontidão e milita pelo coletivo Afronte.

Gabriel Nunes

Jovem do Santo Daime e integrando do Coletivo Florescer da Nova Era. Tem gosto por aprender a zelar a reza e o canto na Doutrina. É graduando em Serviço Social e pesquisador do Dicionário de Favelas Marielle Franco, plataforma virtual para reunir histórias de favelas e periferias. Tem interesse pelo tema da memória social e oralidade.

Noan Moreira

Baba Ọtun n’ilẹ (Babá Otún Nilê), guardião e pessoa de confiança da comunidade, do terreiro Ilê Omiojuarô – comunidade fundada por Mãe Beata de Iemanjá, sua avó. Artista, Músico, Multi-instrumentista e pesquisador. Atualmente compõe a equipe de museologia e montagem do Museu de Arte Moderna (MAM), atua na área de montagem de exposições desde 2017, quando integrou a equipe do Museu de Arte do Rio (2017-2020).

Rebeca Queiroz

Integrante do Santo Daime e do Coletivo Florescer da Nova Era. Estudante de Psicologia, desenvolvendo a escrita de poesias, canto e fiscalização na Doutrina, aprendendo a tocar tambor para compor a música nos trabalhos espirituais. Interessada na história da Doutrina e em terapias com substâncias psicoativas.

Odaraya Mello

É neto de OluMello, pioneiro e artista-visual, desenhista na Nova Cap (DF).Sua formação crítica e artística inicia num berco familiar detentor de um patrimônio cultural que viveu o movimento negro afro-brasileiro e do movimento de mulheres negras do Brasil (1950/1980). Pessoa polímata e divergente bio-sócio-cultural. Seus afrografismos organizam elementos semióticos da natureza do culto a Oxum, orixá de iniciação(1994).

Ogunifé

Pernambucano morador do cerrado brasiliense, Ògúnifé é Yawô de Ògún da família Ìle Àse Odé Erínlè, de Águas Lindas de Goiás. Músico de formação e produtor literário desenvolve projetos que buscam fomentar formação ecológica junto e a partir das perspectivas dos povos e comunidades tradicionais de matriz africana. Afro-ambientalista e educador ambiental, hoje estuda Agroecologia e vem desenvolvendo projetos de construção de biodigestores e desenvolvimento de agricultura familiar em terreiros de Candomblé com foco na Segurança e Soberania Alimentar e Nutricional dos povos de terreiro.

Dandara Santos

Me chamo Dandara e sou uma mulher cis, negra, carioca, de candomblé e dançante da cultura popular e de dança afro. Me formei professora de Geografia (Licenciatura em Geografia pela UFRJ em 2020) com trajetória de pesquisa e atuação no campo da educação e relações raciais e as geografias do racismo. Hoje sou mestranda em Antropologia (PPGA/UFF) no âmbito da Antropologia política, com pesquisa voltada para investigação de conflitos étnico-raciais-religiosos, que configuram o racismo religioso.

Nosso site é a nossa casa virtual

O portal online da Rede Afroambiental (www.redeafroambiental.com.br) é resultado de uma real articulação e esforço conjunto entre povos de terreiros e diferentes organizações. Nossa casa virtual, construída em muitas mãos, contempla a riqueza de diferentes modos de vida e maneiras de ver o mundo. Somos diversos como os ritmos e timbres de uma roda de tambores.

“O tambor é a primeira internet do mundo”

Estamos online para contar nossas histórias a partir das nossas vozes. Queremos mostrar nossas diferenças e semelhanças – como um tambor afinado que ressoa longe – internet adentro. 

“Somos uma rede de comunidades enraizadas”

Não por acaso, o lançamento do nosso site foi precedido pelo projeto “Terreiros Digitais”. Dispostos nas cinco regiões do país, os Terreiros Digitais são estações tecnológicas em espaços de matriz africana onde, de forma colaborativa, o portal foi criado coletivamente ao longo de um ano. Participaram mestras e mestres de terreiros, da Capoeira e de movimentos negros e jovens que, assim, tiveram a oportunidade de se habilitarem apropriadamente da linguagem da internet. 

Toda nossa rede é colaborativa e, por isso, tudo em nosso portal também foi escolhido para ser uma ferramenta popular e de fácil acesso. O sistema gerenciador de conteúdo WordPress traz código aberto superflexível e pode ser complementado por acessórios de integração social, cultural, econômica – e, por que não?, com função política; para apropriação de toda a comunidade dos povos de terreiro nacional e internacional.

A estratégia encantada é tornar a Rede Afroambiental autossustentável tecnologicamente e economicamente. Assim, as futuras gerações de cultivadores da nossa cultura de terreiro poderão dar continuidade ao projeto e se auto-organizar em rede. Vislumbramos uma comunidade cada vez mais orgânica e habilidosa em difundir a ancestralidade a partir de uma visão coerente e enraizada no contemporâneo de cada época.

Por Lucas Santos

Mãe Beata e a força das mulheres na defesa da diversidade biológica, cultural e religiosa

Mãe. Essa é a chave para entender a resistência do povo negro diante das políticas genocidas da história do Brasil. Dos navios negreiros até hoje, foram as mães pretas que mantiveram e mantêm a nossa cultura, dignidade e ancestralidade. bolsa de pierna decathlon
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Mãe Beata de Iemanjá é uma delas. A menina Beatriz nasceu em Iguape, interior do Recôncavo Baiano, nos anos de 1930. Desde pequena percebeu que sua sobrevivência estava ligada à manutenção de sua ancestralidade.

Viu nos terreiros de candomblé um reduto de preservação da língua, comida, dança, música, medicina natural das plantas e narrativas de seus avós. Se iniciou no candomblé nos anos 50, em Salvador, com Olga do Alaketu, sacerdotisa descendente do antigo reino do Ketu, no atual Benin.

Pequena África

Mãe Beata foi para o Rio de Janeiro com 4 filhos no fim dos anos 60, em busca de uma vida melhor. Refez o caminho que suas tias baianas, fundadoras da Pequena África (o centro do Rio de Janeiro) no início do século. Trabalhou como doméstica e costureira, entre outros serviços, até se aposentar e conseguir fundar sua própria comunidade de candomblé em Miguel Couto.

Chamou sua roça de candomblé de Ilê Omiojuaro, que na língua iorubá quer dizer “a casa das águas dos olhos do caçador”. Lá se firmou como liderança e se destacou por defender a causa das mulheres, dos pobres, dos negros e do respeito pela diversidade cultural, biológica e religiosa.

               “Como sei de onde eu vim, sempre soube onde chegar”, afirmava Mãe Beata

Nós, da Rede Afroambiental, trazemos esse legado de Mãe Beata de Iemanjá. A  força de seus mares continua a emanar amor, justiça e esperança.